Vida e dieta do Gavião-real chamam atenção da garotada no Circuito da Ciência do Inpa

Criado em Sexta, 27 Outubro 2017 16:14

As atividades de popularização da ciência e educação ambiental do Circuito fizeram parte da Semana Nacional de C&T que encerra neste domingo (29). A expectativa é que aproximadamente 15 mil pessoas participem das exposições, mostras, oficinas, palestras no Inpa e em escolas e visitas a laboratórios

Por Luciete Pedrosa – Ascom Inpa

Fotos: Cimone Barros e Luciete Pedrosa - Ascom Inpa

O Bosque da Ciência teve uma manhã diferente nesta sexta-feira (27). Estudantes de cinco escolas de Manaus participaram de exposições, mostras e oficinas da edição especial do projeto Circuito da Ciência do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC), como parte da programação da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT). O estande dos 20 anos do Projeto Harpia (Gavião-real) foi uma das atrações que chamaram a atenção dos pequenos.

A SNCT do Inpa teve início na última segunda-feira (23) e encerra neste domingo (29). A expectativa é que durante os sete dias de evento aproximadamente 15 mil pessoas participem das mais de 100 atividades oferecidas, todas gratuitas. Este ano o tema escolhido é “A Matemática está em tudo”. 

No estande do Projeto Harpia, os alunos receberam informações sobre a vida, dieta, reprodução e ameaças ao Gavião-real, a maior águia das Américas e mais da metade de sua distribuição concentra-se nas florestas brasileiras. A espécie é considerada quase ameaçada de extinção no mundo e em situação de vulnerabilidade no Brasil. As principais ameaças são a caça e a perda de habitat pelo desmatamento e plantio de soja.  

ProjetoGaviaoreaCircuitodaCienciFotoCimoneBarroINPA

A pesquisadora do Inpa Tânia Sanaiotti, coordenadora do Projeto Harpia, antigo Programa de Conservação do Gavião-real, destaca que um dos principais resultados do projeto é a identificação de mais de cem ninhos, na Amazônia, dos quais 40 são monitorados. Outro trabalho importante do projeto é realizado com as comunidades ribeirinhas que habitam no entorno das árvores com ninhos de gavião-real. “Com isso, foi possível ver que o uso da floresta é compatível com o lugar onde o gavião vive, tendo em vista que os ribeirinhos abrem um novo roçado embaixo da árvore do ninho”, diz a pesquisadora.   

“Trabalhamos muito tempo em alguns municípios e o convívio foi bastante positivo para manter a árvore do ninho em pé e não derrubá-la, porque são todas de interesse madeireiro. É um eterno conflito”, diz a pesquisadora. “Trabalhamos mantendo a árvore em pé para garantir que essa espécie (Harpia) volte pro resto da vida para a mesma árvore que ela escolheu”, explica a pesquisadora.

Uma das aves de rapina mais poderosas do mundo, o gavião-real faz os ninhos em locais de difícil acesso e na Amazônia usa as árvores muito altas da floresta, como samaúma (a gigante da floresta), castanheira, angelim e jatobá. Muitas dessas árvores alcançam de 35 a 40 metros de altura e ficar lá no alto ajuda a manter intrusos e potenciais predadores longe dos ninhos e a minimizar o risco de predação dos ninhos. O Gavião-real se alimenta principalmente de preguiças, macacos, quati, tatus e porco-espinho.  

A Harpia, como é conhecido o gavião-real em outras áreas do Brasil, passou a ser mais conhecida e mais protegida nos últimos anos por meio do Programa de Conservação do Gavião-real, que combina colaboração com comunidades e monitoramento por satélite para acompanhar a vida de exemplares do animal na Amazônia, na Mata Atlântica, no Cerrado e no Pantanal.

Projeto Gavião real Circuito da Ciência Foto Cimone Barros INPA 4 Cópia 

Em 1997, pesquisadores do Inpa criaram o programa em parceira com o Ibama, Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (Cemave/ ICMBio), ICMBio e outras instituições. Atuam em regiões onde existem ninhos, acompanham o desenvolvimento de filhotes, realizam campanhas de educação ambiental para manter a árvore do ninho em pé e a floresta do entorno e reabilitam gaviões-reais feridos para reintegração à natureza.

Os gaviões-reais capturados recebem uma anilha do Cemave para serem reconhecidos na floresta. Também são rastreados por meio de sinais enviados por satélites para saber a distância de dispersão dos filhotes e a área utilizada pelos adultos.

Sobre o gavião-real

O gavião-real é a maior águia da América do Sul. A fêmea pode chegar a pesar de 6 a 8 quilos e é maior que o macho que pode pesar de 4,5 a 5,5 quilos. A ponta de uma asa a outra chega até 2 metros. O macho e a fêmea constroem o ninho com quase 2 metros de diâmetro. Põe de um a dois ovos que a fêmea choca durante 52 a 58 dias. Cria um filhote a cada três anos. O filhote voa pela primeira vez aos seis meses e é alimentado pelos pais até os 2 anos e meio de idade. Atinge a fase adulta aos 5 anos e pode viver até 40 anos.

Mostras e Exposição

Ilustração botânica Felipe Foto Luciete Pedrosa

Nas exposições e mostras do Circuito da Ciência, projeto de popularização da ciência e educação ambiental, os alunos puderem conhecer exposições de reciclagem, malária e dengue, leishmaniose, cogumelos comestíveis, insetos terrestres com manipulação de aranha caranguejeira, habitat dos insetos aquáticos, estação da aquicultura, qualidade da água, Escoteiros e ilustração botânica do técnico do Inpa Felipe França.

O Projeto de Extensão Reciclar do curso de Química da Uninorte, universidade parceira do Circuito da Ciência, mostrou aos estudantes quais são os materiais podem ser reciclados, reduzidos o seu consumo e aqueles que podem ter uma nova utilidade evitando o descarte no meio ambiente.

Segundo a coordenadora do projeto, a professora Carla Nunes, brinquedos podem ser confeccionados com materiais que iriam ser descartados. “São tampinhas de refrigerantes, palitos de picolé, garrafas pet que podem virar brinquedos a partir da criatividade de cada um”, diz.

ReciclarCircuito Foto Luciete Pedrosa INPA